Sendo Deus onipresente, bem o é na Coletânea Poética de Antonio Costta. Esta onipresença, quando não explícita, esconde-se entre os versos de cada um dos seus poemas. O autor pilarense ora, na poesia, com o louvor dos Salmos e a graça do Cântico dos Cânticos. São frequentes, na vida literária, poetas de índole religiosa como se consagrou o imortal escritor Jorge de Lima, do qual, nesse aspecto, destaco “Pelo voo de Deus quero me guiar” em “Tempo e Eternidade” (1935) e em “Túnica Inconsútil” (1938) “Poema do Cristão”. Admiro tanto este “ortodoxo neoparnasiano” que, quando viajo, carrego na mala “Jorge de Lima – Poesia Completa”, da Biblioteca Luso-Brasileira, da Editora Nova Aguilar. Bela publicação onde constam excelentes comentários, dos quais se sobressaem as preciosidades de José Américo de Almeida, José Lins do Rego, Tristão de Ataíde, Gilberto Freyre e Mário de Andrade.
Sei que a modéstia de Antonio Costta dirá jamais se igualar tampouco parecer com o famoso poeta alagoano. Mas, quando recorre à memória para revivenciar a infância, verifica-se um Costta, recordando as meninadas do Pilar, no poema “Carro de Boi”, com ritmo de “Nega Fulô” de Jorge de Lima, ou, enquanto fase da vida de criança, no tema de “O mundo do menino impossível” de um Jorge da União dos Palmares. O autor ainda envereda pelo social com “João Brasil”, o que coincide com o vate, amigo de José Lins do Rego, nos seus escritos, revoltado com as injustiças sociais, muito recitadas, lembro-me bem, pelos militantes da Juventude Estudantil Católica – JEC, coordenada, em Campina, pelo Padre Antonio Nóbrega e, entre nós e na Paraíba, pelo Padre Marcos Augusto Trindade, o que também lhe custou nunca ter podido ministrar aula na UFPB, impedido que era, após 1964, pelas discriminações ideológicas daquela rarefeita liberdade.
Que essas promissoras semelhanças prossigam e cresçam em Antonio Costta, bons sinais para qualquer novo poeta, o que poderá aprimorar-se, seguindo outras características do Jorge de Lima, havido, na literatura brasileira, como elo da tradição com o novo; dialético, entre o vulgar e o sublime; regional, nas paragens e horizontes universais da sua magnânima poesia. Contudo, também viva este poeta o que lhe assegura a “poésis”: a liberdade de manifestar sua originalidade e as belezas da sua criatividade. Dizia-me o escritor e cronista José Augusto de Brito, apaixonado pela terra onde tão feliz viveu: “Aqui, em Pilar, o gosto pela arte literária brota da terra, das sementes de Zé Lins”.
Damião Ramos Cavalcanti
(Da Academia Paraibana de Letras)
(Texto publicado em 2003)
Fui ontem ao Pilar e surpreendi-me com um jovem de Chã de Areia pedindo que eu fizesse uma apreciação sobre um punhado de seus versos. Isso me fez lembrar Zé da Luz que vinha de Itabaiana, sua terra natal, para pedir ao neto do senhor de engenho um prefácio para o livro Brasil Caboclo. E Zé Lins respondeu mais ou menos assim: Zé, que condição tenho eu de falar sobre teu livro que tem sido para mim uma página viva que encanta todo Nordeste. De tanto ler o teu livro, sinto-me mais pilarense, mais amante de suas belezas e dos seus encantos. Zé tu não precisas de carta de apresentação! Que cartas pediriam as patativas de Mamanguape aos curiós de Goiana? E as cigarras de Areia aos canários de Pilar e aos galos-de-capina de cabeça encarnada?
De volta da terra fundada por Modena, abri teu livro, jovem Costta e senti que escreves com serenidade. Teus versos têm cheiro de terra molhada pelas primeiras chuvas. Em poucas palavras traças o perfil das várzeas paraibanas, ou melhor, pilarenses. Trazes na alma a simplicidade do rio Paraíba como uma música que se ouve ao longe. Dizes nos teus versos o amor que tens a esse pedaço de Pilar que se chama Chã de Areia, onde o sol se levanta mais cedo e onde seus filhos se orgulham de manobrar com gosto aquele solo sagrado de onde sai a riqueza de nossa terra. Tens, meu jovem poeta, um modo de imprimir em poucas palavras que vais buscar em Zé Lins do Rego, todo o encanto que o menino de engenho ia buscar nos cheiro das matas e das Campinas, na florada, nos cantos do bem-te-vi, das juritis e do sabiá que, juntos fazem uma orquestração juntando-se ao primeiro sereno da manhã.
Meu jovem estou encantado com a maneira com que unes o belo ao sentimento da alma. Com a tua poesia dita com o que te vai no coração nenhum pilarense pode deixar de sentir nos teus versos, a graça das noites enluaradas e do nosso por do sol.
Continue, meu caro amigo, com teus poemas que fazem lembrar Fernando Pessoa na simplicidade de teus versos. Quero ter a felicidade de ler mais e mais livros teus, pois, eles retratam com fidelidade e graça, o encanto da terra mágica que prende seus filhos assim como o visgo da jaca prendia os pés à terra do cacau onde laboravam os nordestinos que emigravam para Pirangi e Ilhéus nas palavras do genial baiano, criador de Gabriela Cravo e Canela, Suor e Berro D’água, o eterno Jorge Amado.
José Augusto de Brito
(Membro da Academia Paraibana de Poesia)
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ALGUMAS MENSAGENS RECEBIDAS
(http://recantodasletras.uol.com.br/autor_textos.php?id=14685)
Lúcia Constantino (Curitiba/PR)
Poeta, tens a sensibilidade de escrever versos plenos de beleza que tocam o coração do leitor. Aqui há raridade poética. Meus parabéns e um grande abraço.
Demarcy de Freitas Lobato (Miguel Pereira/RJ)
Prezado Escritor Antonio Costta. Meus sinceros e merecidos parabéns. Ao observar a qualidade de sua crônica constatei que você é realmente um profissional, pois escreve simples, claro e objetivamente. Considerando que tem a idade do meu querido filho, do meio, permita-me que lhe ofereça a minha benção. Que DEUS lhe abençoe e conceda a você a manutenção dessa enorme capacidade de escrever. Atenciosamente, Demarcy de Freitas Lobato.
Petronio Paes França (São Paulo/SP)
Há poemas que deveriam ser espalhados por meio de outdoors, muros e estabelecimentos públicos para que fossem lidos e ficassem gravados na retina dos que, como eu, tem o privilégio de lê-los e absorve-los... Este é um deles! Muito bom!
Em referência ao poema: “VERDE QUE TE QUERO VERDE”.
Carlos Aires (Carpina/PE)
Poeta de Itabaiana
Não pode ser pequenino
Sendo o berço de Sivuca
Do poeta Biu Salvino
Hoje vejo Antonio Costta
Demonstrando o dom Divino
E essa cidade dileta
Acolhe o grande poeta
Nosso Jessier Quirino.
Damião Ramos Cavalcanti (João Pessoa/PB)
Prezado poeta e cronista Antonio Costta, Seus textos dignificam Pilar, terra que foi berço seu e do imortal José Lins do Rego. Bravo!
Vana Fraga - Sarandi/PR
Quem é que
Teu verso lerá???
Uma pequena
Do Paraná,
Que para de Ler
Para reverenciar
E muito agradecer!!!
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DADOS BIOGRÁFICOS
ANTONIO DA COSTA SILVA nasceu em 24 de Abril de 1972 no Sitio Chã de Areia, Pilar, Pb. Filho do agricultor Severino Honorato da Silva e da dona de casa Maria José da Costa Silva.
Na infância, o seu interesse pela arte era visível nos traços de seus desenhos. Em 1985 quando cursava a sétima série do 1º grau, no Colégio Estadual José Lins do Rego em Pilar, foi surpreendido por uma furiosa enchente do Rio Paraíba que arrancou a ponte que ligava a zona rural à sede do município, impossibilitando-o assim a continuar seus estudos na sua cidade, tendo que ser transferido junto com seu irmão Evando, mais velho, para estudar na cidade vizinha de Itabaiana, aonde veio a concluir o segundo grau no Colégio Estadual de 1º e 2º graus Dr. Antonio Batista Santiago.
Em Itabaiana não seria mais o desenhista que chamaria a atenção de seus colegas, mas o seu grande interesse pela literatura brasileira. Onde aquele jovem aluno aprendeu a respirar uma nova essência, chamada: POESIA!... Paixão essa que certamente lhe acompanhará por toda a vida.
Em 1992, Antonio é eleito vereador no seu município (e reeleito em 1996). Em 6 de agosto de 1993, converte-se à religião evangélica na Igreja Evangélica Cristã de Pilar. Em 1995 casa-se com a pilarense Francileide de Sousa Dias, de cuja união nasceria no dia 19 de agosto de 1997 sua primeira filha, Alana Dias da Costa. No dia 10 de outubro do mesmo ano morre a sua esposa. E em 6 de fevereiro de 1999, casa-se com a Itabaianense Ivoneide Altino Silva de cuja união nasceria no dia 22 de agosto de 1999, Letícia Pillar Altino Costa. Em 2000 o poeta decide abandonar a política indo morar em Sapé (PB) e dedicar-se mais ao trabalho, à família, a Deus e à poesia!... Onde termina de escrever POESIA VIVA, livro que não publicou.
Em janeiro de 2001 muda-se para Itabaiana, onde mantém uma escola de informática e reside até hoje. Em 14 de setembro de 2003 publica seu primeiro livro de poemas: Um Juntador de Palavras. Em 25 de novembro de 2003 nasce o seu filho Antonio da Costa Silva Júnior. Em 24 de abril de 2004 o poeta comemora seus 32 anos de vida lançando, em sua terra natal, seu segundo livro: Poesia Nordestina.
Em Agosto de 2007, sentindo a direção de Deus, resolve congregar na Igreja Assembléia de Deus de Itabaiana, onde tem participado com muita dedicação dos trabalhos de evangelismo da mencionada igreja.
Atualmente Antonio Costta exerce o cargo de Secretário Adjunto de Cultura do município de Itabaiana.
Verde que te quero verde
Na floresta enverdecida;
Verde cada vez mais verde
No palco verde da vida!
Como era a vida tão verde,
Como era tão verde a vida!
Verde vida vida verde
verde verde vida vida!
Mas o verde que gera vida
Fora dos olhos mais verdes
Virou deserto sem vida
Virou floresta queimada,
Virou poeira e carvão
Que se levanta na estrada!
Virou conjunto de casas
Virou um solo asfaltado.
Oh! Homem que o verde tira,
Que atira fogo no verde,
Por que fazer sua mira
No alvo verde da terra?
Não vê que faz uma guerra,
Que contra a si mesmo atira?
E quando que verde vira
É diferente sua lira!
É um verde horizontal,
Do vasto canavial;
Não é verde replantado,
É verde vasto de soja
E dos cercados de gado!
Pois acham mais importante
Enriquecer num instante,
Empobrecendo o futuro;
Não ter oxigênio puro,
Não ter floresta nem nada;
Não ter pássaro que cante,
Não ter uma onça pintada;
Um verde mais verdejante...
Viçoso com a invernada!
ANTONIO COSTTA
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